"Emotion Club" - toda a verdade...

Tal como havia anunciado, vou aqui relatar a famosa noite do Emotion Club. Apesar de já ser mais ou menos conhecida de todos, ficará assim registada por escrito, por ter sido um facto marcante na história da nossa confraria. Terei o cuidado de nom mencionar nomes, para nom ferir susceptibilidades nem provocar a discórdia conjugal.

Já nom me recordo do ano ao certo, mas terá sido na segunda metade da década de '90 do século XX; também nom me lembro quem era o líder naquela época, mas o jantar desse sábado teve lugar, como muitos outros, no saudoso restaurante Príncipe Negro. Nesse jantar participaram alguns penetras.
Findo o jantar, os convivas rumaram , como também era hábito naqueles tempos, ao café Ferrari. Depois de mais uma série de copos, era altura de decidir onde continuaria a noite de sábado. Alguém sugeriu o Emotion Club, nomeadamente o cunhado de um confrade e um amigo mais tocado pelos vapores etílicos.
Apesar de algumas vozes em contrário, a decisom que prevaleceu foi a de continuar a festa no dito club.
Dois confrades decidiram regressar a casa, enquanto os restantes, acolitados por alguns penetras de ocasiom, lá seguiram caminho para a rua do Raio, pouso do local do crime.
Chegados ao local, duas das viaturas mais vistosas ficaram estacionadas precisamente à porta do club. No momento em que era franqueada a porta de entrada, todos os participantes receberam uma t-shirt branca com os seguintes dizeres: "Emotion Club - chupa nénem".
A casa estava cheia, coisa normal num sábado à noite. A rapaziada estava alegre e as bebidas circulavam com rapidez. Enquanto se aguardava pelo show de strip, um dos confrades relembrava a sua experiência neste tipo de estabelecimentos, alegando que já tinha posto música num local do género.
Quando o referido show começou, era notório o estado de exaltaçom de dois ou três confrades e penetras. A rapariga começou a executar a dança no varom e a multidom presente ia crescendo em entusiasmo e algazarra. Um dos confrades, notóriamente embriagado, agarrava-se com uma man ao corrimon enquanto com a outra tentava alcançar a moça, embora sem êxito.
A turba ululante aumentava o estado de excitaçom geral e, quando a moça terminou o espectáculo, era notório que muita gente estava com o pavio aceso.
Entretanto a maioria dos confrades decidiu tomar mais uma rodada, enquanto se discutia o próximo passo dessa noite. Foi entom que a porta de entrada se abriu e se avistaram duas esposas/namoradas de dois confrades, que vinham averiguar o tipo de diversom que os seus parceiros tinham escolhido para essa noite.
Nom vale a pena estar aqui a explicar como é que se soube do paradeiro da confraria, o que é certo é que alguns dos seus membros estavam metidos em maus lençóis.
Como é evidente, o porteiro tentou demover as senhoras de entrarem no estabelecimento, alegando que era um espaço masculino, mas entretanto já o pânico se tinha espalhado entre vários membros da Sá de Miranda Street.
Começou entom a debandada, mas para alguns estava reservado um fim de noite inglório e muito complicado. Também nom vamos revelar aqui certos pormenores, que melhor será ficarem no desconhecimento, mas a verdade é que se verificaram algumas situaçons caricatas, nomeadamente a de um penetra que se tentou agarrar a um dos carros que arrancava, conduzido por uma das esposas iradas; esse penetra acabou arrastado alguns metros pela rua, embora o seu estado de embriaguez ofuscasse e atenuasse as consequências imediatas do sucedido.
Alguns dos participantes, ainda com as t-shirts da casa vestidas, eram a imagem do caos reinante à saída do club.
Enquanto alguns dos confrades eram reencaminhados para as respectivas casas, na perspectiva de um prestar de contas doloroso, outros, sem contas a prestar, apontavam as baterias para o Sardinha Biba, onde contavam concluir a noite.
Escusado será dizer que, para a maioria, essa noite acabou sob o signo da desfeita e, nalguns casos, até da humilhaçom.
Nom vou aqui alongar-me sobre as consequências que esta noite teve para vários confrades e penetras, mas no dia seguinte corriam vários relatos de desavenças e inclusivamente de culpabilizaçom de quem foi tomado injustamente por promotor da façanha.
O que é certo é que esta foi uma página negra para muita gente, embora constitua um marco inolvidável na história da nossa rua.
Esta peripécia já foi por demais falada e dissecada em vários jantares posteriores, mas creio que era importante registar aqui o acontecimento.

Post scriptum: recomenda-se e agradece-se que os confrades se moderem nos comentários a este post e que nom apontem nomes, sobretudo sob a capa dos penetras residentes deste blog ou a coberto do anonimato.