Um blogue que não e um blogue !Tambem não sei o que é , mas que dá para marcar jantares dá ! Apesar de às vezes ser dificil...Mas no fim consegue-se sempre
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
Paz na Alma
A paz de alma
“O dicionário Priberam define paz-de-alma como “pessoa muito indolente, pachorrenta ou pacífica”. É o “ou pacífica” que me deita abaixo. Já não basta que, na nossa língua e cultura, ser paz-de-alma seja uma coisa negativa. São só duas das palavras mais bonitas que temos: paz e alma.
Não basta que se juntem essas duas palavras para conseguir o que qualquer pessoa (por pouco realista que seja) quer: paz de alma, paz na alma. Não. Também pode querer dizer pacífico. Simplesmente pacífico, como se isso fosse uma coisa de somenos.
No Natal algumas pessoas de certos países que, como o nosso, têm a sorte de não estarem em guerra, são mais bondosas, tolerantes e pacíficas. Saltam-lhes logo em cima os apologistas do óbvio, com ocos lamentos que seguem sempre a mesma entediante lenga-lenga: “é pena que não seja assim durante todo o ano, blá blá blá, rebanho de hipócritas, beneméritos de calendário, blá blá blá…”
Com cada ano que passa nota-se menos esta atmosfera natalícia de paz e boa vontade. Se calhar houve muita gente que desistiu depois de tantas décadas a levar no coco por ser marcadamente menos generoso nos dias 24 e 25 de todos os meses do que hoje e amanhã. Se assim for, parabéns aos moralistas de ocasião - esses críticos devastadores do consumismo que se vêem nos shoppings a deitar fumo pela cabeça só porque os comerciantes conseguem vender mais umas camisolas.
Haja paz na alma de quem a possa ter. Nem que seja durante uma só noite. Nem que seja só por preguiça. Um bom Natal!"
*Miguel Esteves Cardoso
sábado, 10 de dezembro de 2016
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Não há porto sem farol
Faróis
Faróis distantes,
De luz subitamente tão acesa,
De noite e ausência tão rapidamente volvida,
Na noite, no convés, que consequências aflitas!
Mágoa última dos despedidos,
Ficção de pensar...
Faróis distantes...
Incerteza da vida...
Voltou crescendo a luz acesa avançadamente,
No acaso do olhar perdido...
Faróis distantes...
A vida de nada serve...
Pensar na vida de nada serve...
Pensar de pensar na vida de nada serve...
Vamos para longe e a luz que vem grande vem menos grande.
Faróis distantes ...
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
De luz subitamente tão acesa,
De noite e ausência tão rapidamente volvida,
Na noite, no convés, que consequências aflitas!
Mágoa última dos despedidos,
Ficção de pensar...
Faróis distantes...
Incerteza da vida...
Voltou crescendo a luz acesa avançadamente,
No acaso do olhar perdido...
Faróis distantes...
A vida de nada serve...
Pensar na vida de nada serve...
Pensar de pensar na vida de nada serve...
Vamos para longe e a luz que vem grande vem menos grande.
Faróis distantes ...
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Supermoon
"Que
haverá com a lua que sempre que a gente a olha é com o súbito espanto da
primeira vez?"
O Eterno Espanto - Mário Quintana
Lua, a medida do eterno, em tua
rotação revemos nossa memória, pressentimos tudo o que não teremos e tudo o que já viveram corações
noutros tempos, meus olhos abandonam-se em ti em ecos da infância.
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
Emoções...
“Há pensamentos sem emoções, mas
não há emoções sem pensamentos. Precisamos de ter esse conceito. Uma pessoa
pode pensar sem sentir, mas não sente sem pensar. As emoções são desencadeadas
pelos pensamentos, ainda que eles sejam inconscientes ou pouco perceptíveis.” Augusto
Cury
As emoções são intermináveis. Quanto mais as exprimimos, mais maneiras temos de as exprimir, por vezes a razão tenta impor-se, mas as emoções falam mais alto.
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Coemeterium
“Cada um de nós traz no fundo de
si um pequeno cemitério daqueles que amou.”Romain Rolland
Todas as as decepções são secundárias…o único mal irreparável é o desaparecimento físico de alguém a quem amamos.
Todas as as decepções são secundárias…o único mal irreparável é o desaparecimento físico de alguém a quem amamos.
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Deleite
Sugar e ser sugado
pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o
gozo pleno
Que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.
Carlos Drummond de Andrade
Que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.
Carlos Drummond de Andrade
Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.
Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.
Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tua alma
Nua...
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.
Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.
Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tua alma
Nua...
sábado, 17 de setembro de 2016
Longas são as noites...
O mistério, a sedução, a mão que viaja
lentamente pelo corpo entre a penumbra, o silêncio do momento, a viagem
alucinante de prazer, afogo-me no âmago, desejando que não
chegue o amanhecer.
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
“Os grandes espíritos são seguramente aliados da loucura, separam-nos finas paredes.” John Dryden
Temos tanta pressa de fazer algo, escrever, amontoar bens e
deixar ouvir a nossa voz no silêncio enganador da eternidade que esquecemos a
única coisa em relação à qual as outras não são mais do que meras partes: Viver.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
Relaxar
Relaxar é sabermos parar o tempo
à nossa volta e arrumar as prateleiras do nosso interior. Experimentar a paz
desejada e sabermos evoluir dentro do silêncio que vem de dentro da alma.
Haja vontade, e calma…
domingo, 17 de julho de 2016
Prazer de viver
Perdemos muito tempo a não
vivermos no mundo a que pertencemos. Perdemos muito tempo sem olhar para tudo o
que existe à nossa volta. Para tal temos de ter o prazer de viver e não apenas o
de só existir.
sábado, 2 de julho de 2016
Faits divers
UM DIA DE PRAIA, NUMA FAMÍLIA
DE BETOS
Para começar, o beto não é um veranista
que vá a qualquer praia. Vai apenas a praias seleccionadas, quais artigos
gourmet de uma mercearia gourmet de um bairro gourmet.
Mas como seleccionar estas praias?
Simples. Há muitas que já vêm de tradição. As famílias com mais de 17 apelidos,
todos eles separados por hífenes, há séculos que para lá vão.
Depois é também preciso garantir que a
plebe não vai para estas praias, porque já se sabe que pobres é pior que pombos
cheios de doenças. E por isso mesmo, têm de ser praias cujo acesso não possa
ser feito por transportes públicos e cujo preço da garrafa de água no bar não
seja inferior a 10€. E assim sendo, salva-se a Comporta, São Martinho do Porto
e mais meia dúzia delas no Algarve e no Porto.
O dia começa cedo. A mãe Tété vai acordar
o Tomás Maria (Tommy), o Afonso Salvador (Fonfas), o Lourenço Sebastião
(Sebas), a Constança Matilde (Coca) e a Carlota Benedita (Bé). As ninhadas de
betos são sempre muito grandes…aliás, nestes meios até fica bem. Ficam óptimos
nas fotos e dão imenso jeito para a auto promoção da família nas revistas
sociais.
Preparam pequenos lanches e guardam-nos
nuns tupperwares lindíssimos, cheios de flores e com alarme anti-pobre
incorporado para afastar sem-abrigo, que a tia Kiki faz agora no novo negócio
de beta empreendedora. Atenção para não confundir com as marmitas com frango
assado e pastéis de bacalhau com feijão-frade que se podem avistar na Costa da
Caparica. Como as idades variam, os lanches vão desde pequenos rectângulos de
pão integral sem glúten que amortecem dois a dois suaves fatias de fiambre de
peru que cumprimenta só com um glu, com uma folha de alface-roxa e tomate querido,
até umas deliciosas quiches de salmão pedante fumado em fumo de chá preto com
cogumelos das Maurícias salteados em azeite e presunção em abundância, passando
claro por suculentas tarteletes de Cerelac gourmet com frutos silvestres da
Floresta Negra e pitadas de futuros cargos nas Jotas.
Lá chegam à praia. Quer dizer, chegam à
entrada da praia e depois demoram mais meia
hora até se instalarem tal é a quantidade de amigos e primos que têm de
cumprimentar – Olá, querida! ‘Ta boa? Que fato de banho giríssimo! Adoro os
folhos! Foi a tia Ká que fez? – Foi! Não está o máximo? Ela abriu agora uma
loja de biquínis com o dinheiro do marido, “supê” empreendedora! – E por aí
fora.
Finalmente, encontram uma clareira na
areia entre Bettencourt-Mello-dos-Santos-e-Silva e os
Couttinho-Roquette-Relvas-Cunha-Vaz para instalar a sua sombrinha. Isso mesmo,
adivinharam. E óbvio que a sombrinha foi feita pela tia Bábá que também tem uma
marca e já não há paciência para falar disto e vocês já perceberam onde é que
quero chegar.
A mãe aproveita a ocasião para carregar
no protector solar em todas as criancinhas, e sempre com o factor máximo. Até
era preferível nem terem tirado as
T-shirt, a bem da verdade. É que cancro da pele é chato, mas ficarem da cor das
crianças romenas dos semáforos da Praça de Espanha é bem pior, um vexame
completo.
Mergulhos mais tarde, as crianças vão
brincar para a areia molhada. Enquanto uma delas vai chamar amiguinhos e lhes
ordena que construam um castelo, outra trata dos processos burocráticos do
registo predial, uma delas fica como administradora financeira do
empreendimento, ainda outra implementa uma criação de cavalos e escola
equestre, e a última, que quer ser actriz, faz de princesa. Claro que os seus
trabalhos como engenheiro, advogado, gestor e agrónoma estão assegurados à
nascença mas, ainda assim, é preciso começar já a praticar. A última é que virá
a entrar no Chapitô e acabará deserdada.
Enquanto os mini-betos brincam, a
betalhada já consagrada conversa (os jovens adultos desta sub-espécie não são
aqui mencionados porque passam férias juntos, sem os pais, e nesta altura estão
a ressacar da sua noite belíssima).
São bons momentos de conversa. Riem-se
muito dos lesados do BES, choram de saudades e nostalgia dos tempos de Salazar
quando tinham ainda mais terrenos e ficam perplexos quando ouvem falar das
greves do Metro, porque nem sabiam que havia Metro.
O dia vai-se passando e o fim da tarde
pede sangria de champanhe e frutos silvestres e canapés de lagosta no lounge
chiq nice sunset amazing bar da praia. Os mini-betos são chamados para volta da
mesa, não porque as mães tenham receio que se afoguem mas porque a conversa
chegou à parte de exibicionismo das respectivas crias. E sempre com aquele ar
de quem não dá muita importância, mas sem conseguir disfarçar bem o orgulho
parental, começa o rol de “Ai, o meu Fonfas com 3 anos já fala mandarim, toca
piano e dá aulas de catequese”, “Ai, a minha Coca de 16 anos já fuma, já sabe
sacar gajos no Main com apelidos decentes e já sabe que antes do casamento só
vale anal porque não é pecado.” Se calhar esta última parte eles não admitem em
voz alta, mas sabem-no.
Enfim, o crepúsculo chega e a betalhada
tem de recolher aos seus castelos. Há banhos a tomar para tirar a areia, o sal
e aquela camadinha de hipocrisia depois de um dia inteiro a fingir que se gosta
de toda a gente.
UM DIA DE PRAIA, NUMA FAMÍLIA
DE MITRAS
O mitra é uma espécie completamente
diferente do beto. O mitra não vai a qualquer praia, essencialmente porque não
pode e não por falta de vontade, e depois acaba por mascarar a inveja que tem
dos betos com um falso orgulho nas praias que frequenta.
Assim sendo, a selecção de praias fica
limitada àquelas com acesso por transportes públicos ou por carro próprio mas
sem estradas de terra batida para não estragar os pára-choques dos carros
rebaixados. Portanto, ficam a sobrar Carcavelos, aquelas do início da Costa da
Caparica, aquela do jardim do Torel no meio de Lisboa e algumas caixas de areia
dos jardins infantis.
O dia começa cedo. A mãe Sheila vai
acordar o Rúben Tiago, o Wilson Gerson, o Fábio Mikael, a Soraya Vanessa e a
Rute Miriam. As ninhadas de mitras são sempre muito grandes porque como
orgulhosos desinformados nem sabem o que é um preservativo.
Preparam pequenos lanches e embrulham à
balda em guardanapos meio sujos que sobraram do jantar do dia anterior na casa
dos vizinhos. Aproveitam que lá foram e roubaram uma geleira que a deles é
pequena e dá mais jeito para levar a erva e conservá-la fresca, nunca se sabe
quando é que vão aparecer clientes sedentos por um charrinho na praia.
Apesar de as idades dos mitrinhas
variarem, os lanches são iguais para todos e vai tudo corrido à clássica
“sande” mista com queijo e fiambre, cujas embalagens só não foram roubadas por
eles porque a mãe dos putos os apanhou a roubar mal. Portanto, começou aos
berros para toda a gente no Minipreço achar que ela estava a educar os miúdos e
depois acabou por ter de ser ela a roubar os pacotes e mais uns iogurtes com aroma
a labrego. Se queres as coisas bem feitas, fá-las tu. Já dizia o Al Capone, ou
o Escobar, ou o Ricardo Salgado. Já não sei bem quem disse isso mas foi um
bandido do género.
Lá chegaram à praia. Quer dizer, chegam à
entrada da praia e demoram mais meia hora até se instalarem. Não que
cumprimentem muita gente, mas os cumprimentos demoram muito tempo porque são
sempre um “combo” de gestos que inclui “high 5” , choque de punhos e mais uma série de
sinaléticas manuais de fazer inveja a qualquer surdo. Portanto, depois de
falarem a colegas do arrastão de 2005, a grandes companheiros dos “meets” de
2014 no Vasco da Gama e ainda a alguns irmãos de armas da claque do Olivais e
Moscavide, lá acham um lugar para se sentar. De mencionar que também demoraram
mais a escolher o lugar porque tem sempre de ser de difícil acesso para os
polícias de bicicleta.
A criançada, já só de sunga e crucifixo de
plástico, vai a correr para a água. – FÁBIO MIKAAAEEEEELLLLL! Anda cá, car*lho!
Ca gente esqueceu-se-nos de te enfiar nos braços estas medras e tu ainda vais
de focinho à água e ficas lá a afogar-te. Olha, também digo-te já Fábio Mikael,
era um descanso! Que isto de alimentar tantos bezerros, f*da-se! Vai lá, vai…
A mãe aproveita esta ocasião para voltar a
não pôr protector no Fábio Mikael. “Pode ser que o puto apanhe um
“cancarozinho” na pele e a gente consiga mais um subsídio qualquer do Estado” –
pensa ela.
Arrastões mais tarde, as crianças sossegam
e ficam a brincar na areia molhada. Não sabem o que é um castelo, por isso fazem
antes um cartel de areia. Dividem entre elas as tarefas de líder do cartel,
controlador de logística no tráfico de conchas e pedrinhas, chefe de segurança
(bater noutros meninos), responsável de recrutamento de mitrinhas para o gangue
e a última, que não se revia nesta família, era a polícia. Anos mais tarde foi
para a PJ e não verteu uma única lágrima quando prendeu o pai, os irmãos, a mãe
e até a avó, que aquela velha era danada.
Enquanto os mitrinhas brincam, a
mitralhada já cadastrada conversa (os jovens adultos desta sub-espécie não são
aqui mencionados porque ficaram à janela do seu «cubico» a ver quem pára lá no
bairro, ou foram dar giros nos seus “botes” para roubarem estações de serviço,
ou quaisquer outras actividades tão divertidas quanto ilegais).
São bons momentos de conversa. Razoáveis,
admitamos, porque eles não conseguem muito bem articular frases num discurso
coerente, e às vezes nem sequer palavras suficientes conseguem articular para
fazer uma frase. Mas lá falaram dos corruptos dos banqueiros e dos políticos,
que conseguem roubar ainda mais que eles, falaram do seu Benfas e do filha de
uma “ganda” p*ta que lhes roubou um penalty e cuspiram no aumento do passe do
Metro e nesses gajos que lá fingem que trabalham e só querem é estar de greve.
O dia vai-se passando e o fim da tarde
pede sangria de pacote do LIDL e umas pevides, para se fazer uma competição de
quem consegue cuspir a casca para mais longe enquanto se apoia só na perna
direita e aperta os testículos com a mão esquerda. Bom jogo.
Os mitrinhas são chamados para se juntarem
ali à volta do porta-bagagens aberto onde se sentam os mitras, no seu “bote” no
parque de estacionamento da praia. Os vários mitras amigos ali reunidos exibem
as suas crias com um orgulho visceral. “Pá, este cabrãozinho aqui já bate nos
colegas todos da turma. Mas também era o que faltava não bater, tem 10 anos e
ainda está na primeira classe”, “E a minha mai nova? F*da-se c'orgulho! 14
aninhos e já está grávida. Sai mesmo à mãe!” e tantas outras semelhantes proezas
embandeiradas em arco (agora é que lixei os mitras que estavam a ler esta
crónica porque eles não sabem o que quer dizer esta expressão).
Enfim, o crepúsculo (outra) chega e a
mitralhada tem de recolher aos seus bairros. Não há banhos para tomar, porque
aquela camadinha de areia, sal e surro, se for bem grossa, os protege de
facadas dos gangues rivais. Sempre são menos hipócritas no que diz respeito a
fingir que gostam uns dos outros.
quarta-feira, 22 de junho de 2016
Fênix
“Há quem diga que todas as
noites são sonhos
Mas há também quem diga nem todas, só as de Verão
Mas no fundo isso não tem muita importância
O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos.” William Shakespeare
Mas há também quem diga nem todas, só as de Verão
Mas no fundo isso não tem muita importância
O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos.” William Shakespeare
Algo de especial existe no fim de um dia de Verão,
no lento apagar de suas chamas,
uma profundidade – um azul – uma fragrância,
que o êxtase transcende.
Algo tão brilhante e arrebatador
que de ver e sentir me faz renascer.
uma profundidade – um azul – uma fragrância,
que o êxtase transcende.
Algo tão brilhante e arrebatador
que de ver e sentir me faz renascer.
sábado, 28 de maio de 2016
Despir-se de tensões. Verter-se em intenções.
Com teus olhos semicerrados e espasmos de prazer, tiras-me a
calma, invades-me, despindo lentamente minha lucidez, em olhares cheios de
malícias e desejos, fazendo-me levitar sem sair do chão, desejar-te… perco-me e
não me encontro mais…hahah este momento que diz tudo e nos faz sentir vivos.
terça-feira, 24 de maio de 2016
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Volúpia
“Se perdi os meus dias na volúpia, ah! devolvei-los a mim, grandes deuses para que eu volte a perdê-los.” J. Mettrie
É o desejo
invadindo nossos corpos, nossos poros, nossas entranhas, nossas forças vão do
corpo à alma, e só então, a concupiscência e volúpia tomam forma. Eu, tu e o
prazer.
sexta-feira, 6 de maio de 2016
Deixar fluir…
“Nada é
para sempre, dizemos, mas há momentos que parecem ficar suspensos, pairando
sobre o fluir inexorável do tempo “ José Saramago
Deixa fluir, deixa correr, liberta, solta,
flutua, acorda, renasce, renova, muda...deixa ser, ser ao natural, da maneira
que deve acontecer, a força do ser e não do querer é mais bela, mais intensa...faz
ser o que é na realidade!
Há
momentos, em que de repente o tempo pára e acontece a eternidade.terça-feira, 3 de maio de 2016
sexta-feira, 22 de abril de 2016
"Por vezes de repente há um vazio
nem um
gesto nem voz nem pensamento
terrível como a foz do grande rio
onde vai dar algures o esquecimento.
Nem branco ou negro nem sequer cinzento
um calor sem calor. Frio sem frio.
Não há nada por fora. E nada dentro.
Não é menos nem mais. É só vazio."
terrível como a foz do grande rio
onde vai dar algures o esquecimento.
Nem branco ou negro nem sequer cinzento
um calor sem calor. Frio sem frio.
Não há nada por fora. E nada dentro.
Não é menos nem mais. É só vazio."
Manuel
Alegre, "O vazio"
O "vazio" tem de ser
preenchido mesmo que não se tenha nada de importante para dizer…temos
desejos e necessidades diferentes, mas se não descobrirmos o que queremos de nós
mesmos e o que nós defendemos, vamos viver passivamente vazios.
segunda-feira, 11 de abril de 2016
Floresta em sonho
Esta noite
atravessava uma floresta a sonhar
Ela estava cheia de horror. Seguindo a cartilha
Os olhos vazios, que nenhum olhar compreende
Os bichos erguiam-se entre árvore e árvore
Esculpidos em pedra pelo gelo. Da linha
De abetos, ao meu encontro, através da neve
Vinha estalando, é isto um sonho ou são os meus olhos que a vêem,
Uma criança de armadura, coiraça e viseira
A lança no braço. Cuja ponta faísca
No negro dos abetos, que bebe o sol
O último vestígio do dia uma seta de ouro
Atrás da floresta do sonho, que me faz sinal de morrer
E num piscar de olho, entre choque e dor,
O meu rosto olhou-me: a criança era eu.
Ela estava cheia de horror. Seguindo a cartilha
Os olhos vazios, que nenhum olhar compreende
Os bichos erguiam-se entre árvore e árvore
Esculpidos em pedra pelo gelo. Da linha
De abetos, ao meu encontro, através da neve
Vinha estalando, é isto um sonho ou são os meus olhos que a vêem,
Uma criança de armadura, coiraça e viseira
A lança no braço. Cuja ponta faísca
No negro dos abetos, que bebe o sol
O último vestígio do dia uma seta de ouro
Atrás da floresta do sonho, que me faz sinal de morrer
E num piscar de olho, entre choque e dor,
O meu rosto olhou-me: a criança era eu.
[Heiner Müller - Adolfo Luxúria Canibal / António Rafael – Mão Mortal]
Nós inventamos o tempo…e
nunca temos tempo. Os nossos relógios nunca dormem. Quantas vezes o tempo é a
nossa desculpa para desinvestir da vida e abrir a janela...para perpetuar o sonho do desencontro que
mantemos com ela?
quarta-feira, 30 de março de 2016
“Oh! que formosa aparência tem a falsidade” William Shakespeare
A sensação talvez seja essa: Saturação. De
tanta falsidade, de tanta hipocrisia, de tantos sorrisos dissimulados.
Descobri, a veracidade com que as pessoas têm
em prejudicar as outras, e a falsidade das mesmas.
A falsidade é um caminho perigoso escolhido apenas por pessoas que não conseguem ter mérito no que fazem.
A falsidade é um caminho perigoso escolhido apenas por pessoas que não conseguem ter mérito no que fazem.
Os sentimentos clamam por algo verdadeiro, pessoas,
amigos, companhias, sabores, emoções!
quarta-feira, 16 de março de 2016
Desânimo
"Um cansaço de existir. De ser. Só de ser. O ser triste brilhar ou sorrir..." Fernando Pessoa
No desânimo, cedemos como que arrastados por uma vertigem e algo se derrama para sempre.
No desânimo, cedemos como que arrastados por uma vertigem e algo se derrama para sempre.
sexta-feira, 4 de março de 2016
São gemidos! Gemidos insanos de desejo que nos chamam
Quanto mais nos entregamos aos nossos desejos, mais
íntimos ficamos
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Intenso
“Eu gosto do sabor intenso das coisas desmedidas. Tudo que é
bom, que eu viva em exagero! Mas não é que eu queira morrer de um jeito fugaz.
O que eu quero é viver em êxtase!” Augusto Branco
O sangue que corre em minhas
veias e pulsa até meu coração está acima do meu querer…é mais forte e intenso,
está além das minhas decisões…vibra na pele, pulsa nas veias, não vivo por
metades, vivo por inteiro.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
Red light
“Só através do corpo nos
poderemos erguer à divindade de que formos capazes, até deixarmos de ser, na
frágil e precária luz da terra, o mais estrangeiro dos seus habitantes.” Eugénio
de Andrade
Talvez a única dignidade realmente autêntica… seja a que não diminui ante a indiferença dos outros.
Talvez a única dignidade realmente autêntica… seja a que não diminui ante a indiferença dos outros.
sábado, 6 de fevereiro de 2016
Se amor matasse de amores
O Amor Mata
O amor mata
Quem ama e não ama mata
Ás vezes faz bem
Outras vezes não há coisa mais chata
O amor mata
Morre se aos poucos, não escapa
Nem mesmo quem tem uma capa
A ciência é exacta
Mata-me de amor
Que eu não largo o vicio
Se é proibido amar
Vales bem o sacrifício
O amor mata
Como se fosse uma faca
Que me infecta e ataca
Vai directa ao coração
O amor mata
Vagueia por dentro e compacta
É como um nó que não desata
Leva o ar e a razão
Mata-me de amor
Que eu não largo o vicio
Se é proibido amar
Vales bem o sacrifício
Mata-me de amor
Que eu não largo o vicio
Se é proibido amar
Vales bem o sacrifício
O amor mata
*Andre Sardet
O amor não mata a morte, a morte não mata o amor. No fundo, entendem-se muito bem. Cada um deles explica o outro.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
Intimus...
Intimidade
No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
A intimidade salva as relações
extensas, a não ser quando as corrói. Contradição maquiavélica. O melhor e o
pior dos mundos, nos obrigando a escolher entre o habitual e a novidade, entre
a paz e a adrenalina, entre a rede e o salto. Sedução x segurança: que vença o
melhor…
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
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